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Saúde

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07/10/201

Uso de balão no estômago é liberado para menos gordos


No calor da discussão sobre a proibição dos inibidores de apetite derivados da anfetamina, anunciada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na terça-feira, a indústria farmacêutica começa a oferecer novas alternativas.
 
A Allergan chamou a imprensa na última quarta-feira para anunciar que a vigilância ampliou o acesso ao balão gástrico.


Editoria de arte/folhapress


Inicialmente indicado para obesos, com IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 30, o procedimento já pode ser feito por quem está com sobrepeso e IMC acima de 27 --o cálculo do IMC é feito dividindo o peso (quilos) pelo quadrado da altura (metros).


O balão é colocado por endoscopia e é temporário. O objetivo é aumentar a sensação de saciedade por meio do volume no estômago. "É uma opção menos invasiva e não medicamentosa para pacientes que não querem fazer redução de estômago", explica o médico José Afonso Sallet, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.


Um estudo com 573 pacientes com sobrepeso, publicado na revista "Obesity Surgey", mostrou que, após seis meses com o balão, os pacientes perdem metade do peso excedente e têm uma uma redução de 5,3 pontos no IMC. Obesos podem perder até 12% do peso inicial, segundo o cirurgião.


TENDÊNCIA
A ampliação da indicação segue a tendência observada nos Estados Unidos. A FDA (agência reguladora de remédios) passou a permitir, em fevereiro, que pessoas com IMC a partir de 30 e doenças causadas pela obesidade se submetam à colocação de banda gástrica, aparelho que estrangula o estômago. Antes, o IMC mínimo para realizar o procedimento era de 35.


CRÍTICAS
Segundo o endocrinologista Bruno Geloneze, da Unicamp, o balão é a pior solução para os obesos. "A obesidade, ou sobrepeso, é uma condição crônica e que sempre volta. Portanto, qualquer tratamento tem que ser contínuo, para evitar que o peso volte. O balão é um tratamento de curto prazo [seis meses], que não tem nenhuma garantia de longo prazo."


Para controlar o aumento de peso não existe milagre, lembra o médico. É preciso combinar mudança de comportamento com reeducação alimentar e atividade física e, caso necessário, tratamento médico, que pode incluir remédios, balão e cirurgia.


O balão ainda não foi aprovado pela FDA. O aparelho custa R$ 3.000. O preço total do procedimento pode chegar a R$ 10 mil.

 

FONTE: Jornal Folha de São Paulo, 07/10//11  - MARIANA PASTORE DE SÃO PAULO

 

 


 

23/09/2011

Nova técnica aumenta chances de transplante medular incompatível

O uso de uma nova técnica de transplante de medula permitiu o tratamento do menino João Antônio, 2, que tem um tipo raro de leucemia infantil e não encontrou doador compatível na família, na rede de doadores de medula nem nos bancos de sangue de cordão umbilical.

O procedimento ainda está sendo avaliado em pesquisas, mas pode, no futuro, aumentar as chances de encontrar doadores para mais pacientes que precisam de transplante e não encontram um doador compatível. Internado no Hospital Sírio-Libanês há dois meses, o menino passou primeiro por um transplante de células-tronco de cordão umbilical de um doador parcialmente compatível.

Mas, como conta o médico Vanderson Rocha, coordenador da Unidade de Transplante de Medula Óssea do hospital, o transplante não deu resultado. "A medula dele parou de produzir todas as células sanguíneas", diz Rocha. O último recurso foi fazer o transplante de medula da mãe, mesmo que só 50% compatível.

Editoria de arte/folhapress

Esse procedimento é de alto risco porque as células doadas podem atacar as do paciente, causando graves efeitos colaterais, que podem levar à morte.

Esse efeito, que é uma espécie de rejeição ao contrário, é chamado pelos médicos de doença do enxerto (as células doadas) contra hospedeiro (o paciente).

Para evitar esse risco, a solução foi adotar um novo procedimento, em que o paciente recebe doses de quimioterapia depois do transplante para matar os glóbulos brancos do doador (que podem causar a "rejeição") e ficar só com as células-tronco, que vão povoar a medula e começar a produzir novas células sanguíneas sadias.

"Todo mundo achava uma loucura fazer a químio depois do transplante, porque se acreditava que isso mataria todas as células doadas. Mas o que se viu nos primeiros estudos é que as células-tronco resistem", diz Rocha.

A técnica permitiu recuperar o fracasso do primeiro transplante, com as células de cordão umbilical. João Antônio, que tem leucemia mielomonocítica crônica juvenil, câncer do sangue que responde por só 2% dos casos de leucemia infantil, deve ter alta na próxima semana.

O médico diz que seu maior receio era que a dose extra de quimioterapia, que também é necessária antes do transplante, causasse efeitos colaterais graves. "O tratamento pode afetar a bexiga e o coração. Mas ele não teve nada."

Ele lembra que, apesar dos bons resultados iniciais, ainda não há dados de longo prazo sobre a técnica.

FONTE: DÉBORA MISMETTI - EDITORA-ASSISTENTE DE *SAÚDE, Jornal Folha de São Paulo, 19/09/11

 

 

 


 

23/09/2011

57 MILHÕES DE BRASILEIROS TÊM MAU HÁLITO, SEGUNDO ASSOCIAÇÃO

A promoção de palestras e a distribuição de material informativo à população marcam o Dia Nacional de Combate à Halitose nesta quinta-feira. Segundo a Associação Brasileira de Halitose, estima-se que 57 milhões de brasileiros tenham halitose crônica, popularmente chamada de mau hálito. 
O problema aparece com mais frequência entre os idosos, que respondem por 70% dos casos. Jovens e crianças não estão imunes.


Os mais velhos são os mais afetados porque tomam remédios nessa fase da vida, como antidepressivos, que diminuem a produção de saliva. A boca seca é uma das principais causas do mau hálito, conforme o presidente da associação, Marcos Moura.


O mau hálito não é uma doença, mas sintoma de que algo não vai bem no organismo. Pode ser um sinal de que a pessoa está doente, com diabetes ou hipertensão, por exemplo, alerta Moura. Existem mais de 50 causas para o mau hálito. Diferentemente do que a maioria pensa, cerca de 90% delas têm origem na boca, como o sangramento da gengiva. "Somente 1% dos casos é do estômago", explicou Moura.


O presidente da associação também derrubou um mito: o de que tem mau hálito quem não escova os dentes corretamente. A halitose pode ser provocada por pouca salivação, alterações nas amígdalas e outros problemas bucais. "Nem sempre uma boa escovação resolve o problema. Às vezes, a pessoa higieniza a boca mais de cinco vezes ao dia e não adianta", explicou o dentista.


Apesar de quase 30% da população terem o problema, a maioria não sabe da existência dele. Depois de um tempo, o indivíduo se habitua ao odor constante, o que os especialistas chamam de fadiga olfatória, e não sente o próprio hálito. "Com a proximidade da boca com o nariz, você fica acostumado ao cheiro", disse.


Cabe aos parentes e amigos a tarefa de avisar a uma pessoa próxima que ela sofre de mau hálito. Diante da situação desagradável, a associação criou um serviço na internet em que a pessoa indica alguém que sofre de mau hálito, sem ter o nome revelado. Apelidado de SOS Mau Hálito, a pessoa informa o nome e os dados do conhecido que tem mau hálito no site da associação, e como deseja que saiba do problema, por meio de carta ou e-mail.


A associação envia um texto esclarecendo sobre a halitose, suas causas e tratamento. Quem indicou fica no anonimato. São encaminhadas, em média, 30 cartas por mês. Até o momento, não houve nenhuma reclamação. De acordo com Moura, a entidade alerta que não tem como distinguir se a pessoa que recebeu a mensagem foi vítima de uma brincadeira de mau gosto.


Descoberto o mau hálito, a recomendação é procurar um dentista e, se necessário, outros profissionais de saúde. Conforme Moura, o tratamento dura de três a seis meses, dependendo da causa.


Veja alguns cuidados para evitar o mau hálito, indicados pela Associação Brasileira de Halitose:
- Comer a cada três horas para estimular a salivação e evitar a boca seca (alimentos cítricos são uma boa opção);
- Escovar os dentes, usar o fio dental e o raspador lingual após cada refeição;
- Tomar, pelo menos, dois litros de água por dia;
- Mascar chiclete depois das refeições ajuda a limpar a cavidade bucal e a salivação (marcas sem açúcar são ideais);
- Prefira antisséptico bucal sem álcool pois resseca menos a mucosa da boca.

FONTE: Folha de São Paulo, 23/09/11

 

 

 


30/05/2011

 Novo implante aprovado no país controla glaucoma

Menor que um grão de arroz, um novo dispositivo de aço, implantado no olho, controla a pressão ocular em pessoas que têm glaucoma. Batizado de Ex-press, o produto será lançado no Brasil nesta semana, no 14º Simpósio Internacional de Glaucoma, que acontece entre os dias 26 e 28 de maio em Belo Horizonte (MG). O dispositivo foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em abril. Nos EUA, ele foi aprovado em 2003, e na Europa, em 1999.

Estima-se que o glaucoma, principal causa de cegueira irreversível no mundo, afete 1 milhão de brasileiros. Há vários tipos de glaucoma. A forma crônica simples, que representa cerca de 80% dos casos e é mais comum nas pessoas acima de 40 anos, é causada por uma alteração anatômica no olho.


Ao longo dos anos, essa alteração impede que um líquido produzido pelo olho, chamado humor aquoso, seja drenado e caia na corrente sanguínea. Isso aumenta a pressão intraocular.


CICATRIZAÇÃO
O implante é colocado, por meio de cirurgia no olho, entre a córnea e a esclera, sobre um orifício feito pelo cirurgião, por onde o líquido sai. Assim, a pressão baixa.


Na cirurgia convencional, abre-se um orifício no mesmo local para que esse líquido possa escapar.


"Mas, sem o dispositivo, não dá para controlar o fluxo e a abertura, que tende a cicatrizar", diz Vital Paulino Costa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma e chefe do setor de glaucoma da Unicamp.


Para Regina Cele Silveira, oftalmologista do setor de glaucoma da Unifesp, o grande problema da cirurgia é a cicatrização.


"Nessa cirurgia, a cicatrização é 'vilã'. O buraco ainda pode se fechar, mas, com o dispositivo, essa possibilidade é muito menor."


Ela afirma que cinco anos depois da cirurgia convencional, 65% dos pacientes perdem a capacidade de drenagem pelo orifício e podem precisar de novas operações.


Segundo Costa, o dispositivo ainda causa menos inflamações e diminui a necessidade de medicamentos no pós-operatório.


CRÍTICAS
Segundo o presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia Paulo de Arruda Mello, há um grande interesse no dispositivo, que simplifica muito a cirurgia.


"Mas ainda é necessário fazer mais estudos para afirmar que ele traz mais benefícios do que a cirurgia convencional", afirma. Para Cele, o dispositivo é "perfeito" do ponto de vista técnico, porque faz a cirurgia de glaucoma durar mais. Porém, diz que não se sabe por quanto tempo os benefícios permanecem.


"Não dá para jogar a técnica antiga no lixo. Faltam dados de mais longo prazo."


Outro ponto negativo é o preço ""nos EUA, o dispositivo custa US$ 1.200 (R$ 1.956), segundo Cele. "Não sabemos quanto ele custará no Brasil, mas estamos pressionando o fabricante por um preço mais acessível."

 

Ivan Luiz/Arte

Fonte: MARIANA VERSOLATO -  DE SÃO PAULO, Jornal  Folha de São Paulo, 24/05/11. 


30/05/2011

Anvisa aprova vacina de HPV para homens

 

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a aplicação da vacina contra HPV (papilomavírus humano) em meninos e homens entre 9 e 26 anos.
 
A imunização previne as verrugas genitais causadas, principalmente, pelos tipos 6 e 11 do vírus. A vacina, conhecida como Gardasil (Merck Sharp & Dohme), está liberada para os homens nos EUA desde 2009.


No Brasil, ela foi aprovada para mulheres em 2008, mas só está disponível na rede privada, ao custo de R$ 900.


Para liberar a imunização masculina, a Anvisa se baseou em um estudo publicado no "New England Journal of Medicine", que comprova a redução de 90% das lesões genitais externas.


O estudo clínico, que acompanhou 4.065 homens em 18 países, inclusive o Brasil, comprovou a eficácia da vacina contra lesões ligadas aos tipos 6,11, 16 e 18 do HPV.


O tipo 16 é o que tem levado ao aumento dos tumores de boca e da região da garganta (orofaringe) no Brasil, conforme revelou a Folha ontem. Em hospitais brasileiros, até 80% desses cânceres estão associados ao HPV.

 

PROTEÇÃO
Segundo a pesquisadora Luisa Villa Lina, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e uma das maiores especialistas em HPV no país, além das verrugas genitais, espera-se que a vacina proteja os homens contra tumores de pênis, ânus e orofaringe.


A infecção pelo papilomavírus está ligada a cerca de 40% dos casos de câncer de pênis e de 30% a 40% dos de câncer anal em homens.


Segundo Lina, o ideal é que, assim como as meninas, os garotos sejam vacinados antes do início da vida sexual. No Brasil, pesquisas indicam que isso acontece aos 13 anos, no caso dos homens, e aos 15, para as mulheres.


Mas a pesquisadora acredita que, mesmo que já tenham sido expostos ao HPV, homens e mulheres podem ser beneficiados, porque a vacina evita novas infecções e reduz o risco de câncer.


O pesquisador da USP Adhemar Longatto Filho afirma que a aprovação da vacina para homens vai trazer "um benefício tremendo". "O homem é o principal vetor de muitas das lesões causadas pelo HPV. É crucial que ele seja vacinado."


CONTÁGIO
É comum o HPV permanecer no organismo sem qualquer sintoma por meses ou anos. Os cânceres, por exemplo, podem demorar de dez a 20 anos para se desenvolver.


O risco de contágio é alto (de até 80%), e o vírus pode ser passado mesmo latente (sem manifestação visível).


A maioria dos tipos de HPV não causa sintoma e desaparece espontaneamente sem tratamento, o que significa que muitas pessoas não sabem que são portadoras.


Um estudo recente mostrou, por exemplo, que 50% dos homens saudáveis já foram infectados pelo HPV. A vacina contra o papilomavírus é administrada em três doses, com aplicação intramuscular.


Fonte: JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO, 27/05/11  - CLÁUDIA COLLUCCI.  


 

 30/05/2011

EUA alertam para falta de segurança de prótese de quadril

A segurança das próteses metálicas de quadril está sendo questionada por instituições como a Associação Britânica de Ortopedia e a FDA, agência que regula os produtos de saúde dos EUA. Estudos indicam que essas próteses soltam uma quantidade de resíduos metálicos potencialmente perigosa para a saúde.


"As minúsculas partículas soltas pelo desgaste do material podem causar efeitos locais e sistêmicos [que afetam o corpo todo]", diz o ortopedista Luiz Marcelino Gomes, presidente da Sociedade Brasileira de Quadril.

Como efeitos locais, segundo o médico, os resíduos de cromo e cobalto (material das próteses) podem provocar uma reação alérgica nos tecidos ao redor do implante, causando dores, falsos tumores (sem células cancerosas) e até destruição óssea.

Os efeitos generalizados estão relacionados à toxicidade dos metais. "Eles podem afetar a função renal em pessoas predispostas, por exemplo", diz Gomes.

O risco de câncer associado a esses materiais está sendo discutido, mas ainda não foi comprovado.
Segundo o ortopedista Emerson Honda, do hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, os níveis de metal no sangue das pessoas que usam essas próteses são 20 vezes mais altos do que os considerados normais.

Outros tipos de prótese, feitas com polieteno (material plástico) ou cerâmica, levam uma capa de metal. Elas também soltam resíduos, mas em concentrações menores.
CONTROLE
Nos Estados Unidos, a FDA pediu para que todos os fabricantes de próteses metálicas de quadril apresentem mais estudos sobre a segurança do implante ao longo do tempo. Aqui, o acompanhamento das próteses e o monitoramento da sua qualidade devem começar a ser feitos agora, segundo a Anvisa. Em parceria com a Sociedade Brasileira de Quadril, a agência iniciou o registro nacional de artoplastia [cirurgia do quadril], para seguir a evolução dos pacientes. No Brasil, são colocadas por ano cerca de 30 mil próteses, de todos os materiais, contra 250 mil nos EUA. Os tipos mais usados são os implantes com polieteno, que têm a desvantagem de durarem menos tempo, e os de cerâmica, que duram mais, mas podem quebrar.

"Não existe prótese que seja o substituto ideal do osso", afirma o ortopedista Moisés Cohen, presidente da Isakos (Sociedade Internacional de Artroscopia, Cirurgia do Joelho e Medicina Esportiva Ortopédica).

Para Cohen, os implantes feitos totalmente de metal podem ser uma opção para os mais jovens. "Essas prótesestêm uma estabilidade que permite a prática de atividades de maior impacto."

O problema é que, quanto mais mais jovem o paciente, mais tempo as substâncias tóxicas circulam em seu organismo. "Ainda não sabemos quais são as consequências a longo prazo que os resíduos metálicos podem causar", diz Honda.

Na avaliação do ortopedista Lafayette Lage, especializado em próteses de quadril para atletas, o problema não está no material, mas sim na técnica cirúrgica. "Se a prótese é colocada com inclinação errada, vai ter liberação de metais. Por erro de colocação, esse material está sendo crucificado."
Fonte: IARA BIDERMAN - DE SÃO PAULO, Folha de São Paulo, 27/05/11.
 

 12/05/11 
Doenças psiquiátricas roubam mais anos de vida do brasileiro
Com mudanças no estilo de vida dos brasileiros, os transtornos psiquiátricos passaram a ocupar lugar de destaque entre os problemas de saúde pública do país. De acordo com dados citados em uma série de estudos sobre o Brasil, publicada ontem no periódico médico "Lancet", as doenças mentais são as responsáveis pela maior parte de anos de vida perdidos no país devido a doenças crônicas. Essa metodologia calcula tanto a mortalidade causada pelas doenças como a incapacidade provocada por elas para trabalhar e realizar tarefas do dia a dia. Segundo esse cálculo, problemas psiquiátricos foram responsáveis por 19% dos anos perdidos. Entre eles, em ordem, os maiores vilões foram depressão, psicoses e dependência de álcool. Em segundo lugar, vieram as doenças cardiovasculares, responsáveis por 13% dos anos perdidos. Outros dados do estudo mostram que de 18% a 30% dos brasileiros já apresentaram sintomas de depressão. Na região metropolitana de São Paulo, uma pesquisa, com dados de 2004 a 2007, mostrou que a depressão atinge 10,4% dos adultos. Não é possível dizer se o problema aumentou ou se o diagnóstico foi ampliado, diz Maria Inês Schmidt, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e uma das autoras do estudo. Ela afirma também que são necessários mais estudos para saber de que forma o modo de vida nas cidades pode influenciar o aparecimento da depressão, além das causas bioquímicas. No caso da dependência de álcool, no entanto, há uma relação com o estilo de vida, uma vez que pesquisas recentes do Ministério da Saúde apontam um aumento no consumo abusivo de bebidas.
IDADE AVANÇADA
O envelhecimento da população também contribui para o aparecimento de transtornos psiquiátricos. De acordo com o estudo, a mortalidade por demência aumentou de 1,8 por 100 mil óbitos, em 1996, para 7 por 100 mil em 2007. "O Brasil mudou com consumo de álcool, envelhecimento e obesidade e, com isso, temos novos problemas de saúde", disse o ministro Alexandre Padilha (Saúde). Em relação às doenças psiquiátricas, ele afirmou que a pasta irá expandir os Caps (centros de atenção psicossocial) e aumentar o número de leitos para internações de curto prazo. A série de estudos do "Lancet" coloca como outros problemas emergentes de saúde diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer, como o de mama. Eles estão associados a mudanças no padrão alimentar, como o aumento do consumo de produtos ricos em sódio. Por outro lado, a mortalidade por doenças respiratórias caiu, principalmente devido à redução do número de fumantes.

Fonte: ANGELA PINHO - DE BRASÍLIA, Jornal Folha de São Paulo, 11/05/11. / Editoria de Arte/Folhapress.
 

02/04/11
Exame de câncer de próstata pode ser contraindicado para homens acima dos 70 anos
Criados para pacientes com idade média de 50 anos, os testes, segundo pesquisa americana, não trazem benefícios acima dessa faixa etária
 
Os testes sanguíneos para detecção do câncer de próstata estão na rotina de exames preventivos feitos por idosos (Creatas Images/Thinkstock) Os exames de sangue preventivos para câncer de próstata fazem parte da rotina dos homens acima dos 70 anos. O que não se sabe, no entanto, é se vale a pena descobrir a presença do tumor em pessoas acima dessa idade. De acordo com uma pesquisa publicada no periódico Journal of Clinical Oncology, descobrir um câncer de próstata em homens acima dos 70 anos pode até aumentar a expectativa de vida do paciente. O tratamento, no entanto, tende a ser feito por procedimentos muito dolorosos, desgastantes e caros. Durante o levantamento de dados, os pesquisadores descobriram que, enquanto 24% dos homens com idade próxima aos 50 anos fazem o exame de detecção para o tumor, cerca de 46% daqueles com mais de 70 anos passam pelo mesmo exame. Mas, de acordo com Scott Eggener, da Universidade de Chicago e um dos autores do estudo, deveria acontecer o contrário. “O exame foi criado para os homens de 50 anos, é esse o grupo que mais deve fazê-lo”, afirma. São justamente os homens nesta faixa etária que mais conseguem tirar benefícios da descoberta precoce da doença. O levantamento dos médicos americanos reforça a discussão sobre a eficácia do exame em idosos, presente na comunidade médica há muito tempo. Em 2008, o U.S. Preventive Services Task Force, órgão federal americano dedicado à prevenção de doenças, divulgou um relatório no qual afirmava que os prejuízos causados pelo tratamento da doença em homens acima dos 75 anos seriam maiores do que os benefícios. Apesar das recomendações e das recentes pesquisas, a medicina ainda não conseguiu estabelecer padrões para a realização dos exames preventivos do câncer de próstata em homens com mais de 70 anos. De acordo com Scott Eggener, a melhor opção, hoje, ainda é estabelecida na conversa entre médico e paciente. “É durante a consulta médica que os dois lados devem se perguntar, e decidir, se o exame é realmente necessário”, diz.
Cláudio Meron
 

15/02/11
 
 
 
Descubra qual é o seu tipo de raiva Todo mundo tem uma raiva para chamar de sua, sabendo ou não o nome dessa emoção, tanto básica quanto inevitável. "Há uma classificação tradicional das emoções em primárias, secundárias e terciárias. A raiva está no primeiro grupo, que são as mais simples e estão presentes em todos os seres vivos desde sempre", diz o psiquiatra Daniel Martins de Barros, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Quer dizer que, em estado puro, raiva é tão inocente quanto um animal selvagem. Mas o animal racional é assim chamado porque desenvolveu córtex frontal do cérebro, estrutura que o permite controlar os instintos e adequá-los ao convívio social. "Ao longo da evolução, a forma de manifestar a raiva foi mudando. A reação depende do que cada um de nós considera um ataque à própria sobrevivência", diz o psicanalista Marcio Giovannetti, da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
 
 
 
FORA DO CONTROLE

 

Comum a todos, a raiva é vivida em diferentes graus ou intensidades por cada um.  "Em psiquiatria, os sintomas são variações da normalidade. Se saem do controle e começam a trazer prejuízos para o dia a dia, é hora de examinar o que é e o que pode ser feito", explica Barros. Em si, não é sintoma de nada específico, mas pode estar presente em vários distúrbios, da depressão ao transtorno antissocial.  "Pode aparecer muito no transtorno explosivo intermitente, em que a pessoa reage de forma inesperada, intempestiva e desproporcional à provocação, perdendo o controle", diz o psiquiatra.  Como todo mundo que já levou uma fechada no trânsito sabe, mesmo sem nenhum diagnóstico psiquiátrico o descontrole acontece. E pode atrapalhar a vida.  "O sentimento persistente ou exacerbado traz danos. E muita gente o cultiva, sem perceber que se trata de raiva", diz a psicóloga Marilda Lipp, fundadora do Centro Psicológico de Controle do Stress.  Para lidar com a emoção, é preciso reconhecê-la, o que nem sempre é fácil, porque a raiva tem várias faces -todas potencialmente danosas.  "Se a pessoa não percebe o que está acontecendo, alimenta a raiva (seja em manifestações externas ou internamente), e cria um círculo vicioso", diz Lipp.  Os efeitos se acumulam no corpo. Raiva não controlada pode causar problemas cardiovasculares, estomacais e dermatológicos.  Entendendo o que desencadeia a emoção e como ela se manifesta, estratégias de controle, como terapia cognitivo-  comportamental e exercícios respiratórios, podem evitar o estrago.  "Isso não quer dizer negar a raiva, mas aprender a lidar com ela de forma mais racional e adequada ao contexto social", explica Giovannetti.  Achar que é melhor explodir é questionável. "Houve época em que se acreditava nisso. Mas há trabalhos mostrando que a explosão é tão prejudicial quanto engolir a raiva do ponto de vista físico e psicológico", diz Barros.  
 

 
IARA BIDERMAN - Folha de São Paulo, 15/02/11.


11/12/10

Uma nova doença chega ao Brasil

País registra os primeiros casos de uma enfermidade transmitida pelo mesmo mosquito que propaga a dengue

Rachel Costa
 
Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress

 
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O Ministério da Saúde confirmou a ocorrência de três casos de uma doença que até então nunca havia sido registrada no País: a febre de chikungunya. Por trás do nome complicado, há um velho conhecido dos brasileiros: o transmissor da moléstia. Assim como a dengue, a enfermidade – causada pelo vírus CHK – é propagada pelo mosquito Aedes aegypti. O inseto é encontrado em mais de 70% dos municípios brasileiros. “A grande quantidade de Aedes aumenta a chance de transmissão do chikungunya”, avalia Marcelo Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Isso gera um risco real de uma epidemia da doença, se esses primeiros casos não forem bem controlados.” 

Não só o vetor aproxima a doença da dengue. Ambas têm sintomas semelhantes, como febre alta e dores. No chikungunya, entretanto, as articulações também são afetadas, em especial a dos dedos, tornozelos e pulsos, gerando dores que, nos casos severos, podem se prolongar por semanas. A recuperação costuma demorar até dez dias e a letalidade é bem menor que a da dengue. Alguns aspectos, no entanto, não estão bem esclarecidos. “Em laboratório já se demonstrou que o mesmo mosquito pode transmitir, ao mesmo tempo, dengue e chikungunya”, explica Ricardo Lourenço, do Instituto Oswaldo Cruz. “Mas não sabemos que impacto teria essa dupla infecção em humanos.” Sabe-se que, assim como a dengue, não há vacina contra o vírus e o que pode ser feito para evitar a infecção é combater o transmissor. 

O Ministério da Saúde garante ter tomado as providências para evitar a disseminação da doença. “Os casos que surgiram são isolados, de pessoas que pegaram a doença em outros países”, disse Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério. “Não houve registro de transmissão em território nacional.” Como forma de prevenção ao alastramento do vírus, foi feito o combate ao mosquito nos lugares onde os três infectados estiveram após retornar ao País. Atualmente, os focos da doença estão distantes do Brasil, em ilhas do Oceano Índico, no Sudeste Asiático e na Índia. “Quem pretende viajar para essas áreas deve estar atento”, recomenda Lourenço. “É preciso usar repelente para evitar a picada do inseto, e, caso apresente sintomas, procurar um médico.” Atitudes que podem evitar mais um problema de saúde no País.
 
 
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  09/12/10 
 
Para os especialistas, dormir menos ou demais não é doença.
  
 
Cerca de 9% dos entrevistados que dormiam nove horas ou mais por dia o risco de desenvolver doenças cardiovasculares aumentou 1,5 vezes.
Dormir bastante não é garantia de organismo descansado, bem-disposto. Pelo contrário: sono em excesso pode indicar um risco maior de desenvolver doenças cardiovasculares, segundo um estudo feito pelo Centro de Controle de Doenças, órgão ligado ao governo dos Estados Unidos com 30.397 entrevistados.
A novidade da pesquisa, divulgada na terça-feira pela revista Sleep, é o aumento da incidência de doenças em quem passa das nove horas diárias de sono - uma frente de pesquisa que começa a ser investigada também pelos médicos brasileiros. Tradicionalmente, era a privação de sono que aparecia associada a eventos cardiovasculares na literatura médica, diz o neurologista do Instituto do Sono, da Universidade Federal de São Paulo, Luciano Ribeiro Pinto Júnior. "Agora, dormir demais também se mostra desinteressante para a saúde."

Na pesquisa americana, 9% dos entrevistados (2.735) que dormiam nove horas ou mais por dia tiveram risco 1,5 vezes maior de desenvolver doenças cardiovasculares do que os que dormiam entre sete e oito horas - período considerado o ideal para descanso. Cerca de 8% dos entrevistados (2.431) que dormiam menos de cinco horas tiveram essa possibilidade aumentada em 2,2 vezes. Apneia do sono e obesidade também estão relacionados a horas de sono em excesso. "A qualidade do sono é um indicador da qualidade de vida e da saúde do indivíduo", afirma o presidente do Departamento de Neurologia da Associação Paulista de Medicina, Rubens Reimão. 

Para os especialistas, dormir menos ou demais não é doença. "Não é o sono que mata, mas sim o que causa pouco ou muito sono", explica o neurofisiologista do Laboratório do Sono do Hospital das Clínicas, Flávio Áloe. Os médicos ainda investigam a ligação entre dormir muito e o aparecimento de doenças. "Sabemos que dormir pouco pode liberar substâncias no organismo e gerar mais stress. Não sabemos, porém, os efeitos no organismo de dormir muito", complementa a especialista em medicina do sono da Associação Brasileira do Sono, Luciana Palombini.

Fonte:  Agência Estado
     
 

  09/12/10
 
As mulheres estão obcecadas em atingir a performance sexual perfeita. Mas isso pode até diminuir o prazer
 
 
 
 
 
 
Patrícia Diguê e Verônica Mambrini
“Nunca fingi orgasmo. Seria uma sacanagem comigo mesma. 
Divertir-se é muito mais importante” 

Juliana Dacoregio, 29 anos
O coração acelera, a respiração se aprofunda, uma onda de calor invade o corpo, os músculos vibram e uma descarga repentina de energia faz a pessoa parecer subir alguns andares. O orgasmo feminino, de totalmente ignorado até meio século atrás, se tornou uma obsessão nos dias de hoje. São dezenas de livros, manuais, publicações dirigidas, documentários, cirurgias íntimas e medicamentos em fase de testes que representam uma resposta do mercado à ansiedade das mulheres pela performance perfeita. O problema é que ninguém sabe o que é a tal performance perfeita – nem especialistas em sexualidade, nem sequer psicólogos, muito menos ginecologistas. Até porque a sensação de prazer é pessoal e intransferível. E variável. Afinal, não é porque os sinos permaneceram mudos e as borboletas não revoaram que a relação foi ruim. Pelo contrário. Mas o fato é que o clímax sexual virou o Santo Graal da mulher contemporânea. Se há 50 anos o movimento feminista lutava pelo direito de a mulher se satisfazer na cama, hoje em dia muitas delas querem não precisar se preocupar tanto com isso. “Tanta obrigação tira toda a diversão do caminho. É importante brincar, seduzir, se divertir com o sexo”, diz a psicóloga Tatiana Presser. Para ela, quem prioriza o orgasmo está perdendo uma parte importante da relação sexual.
 
O pior é que a en­xurrada de fórmulas e manuais não está se traduzindo em mais prazer. Pelo contrário, contribui para elevar a ansiedade do casal, que pode acabar transformando os momentos de intimidade numa exibição de performance sexual. Levantamento recente do Hospital Estadual Pérola Byington, de São Paulo, detectou que uma em cinco pacientes não consegue satisfação plena em suas relações. Em outro estudo, publicado neste mês no jornal da Associação Britânica de Cirurgiões Urológicos pela Clínica Urológica de Nova Jersey (Estados Unidos), não atingir o orgasmo é a queixa número 1 entre as mulheres de 18 a 30 anos, aparecendo entre as três principais inquietações sexuais em todas as faixas etárias. Sensível à ânsia feminina por respostas, o mercado literário tira do forno publicações em série sobre o tema. Só neste ano, foram lançados pelo menos dez títulos nos Estados Unidos, como “O Pequeno Livro do Grande Orgasmo” e “À Procura do Orgasmo Perfeito”. Em outro deles, “Thanks for Coming” (“Obrigado por gozar”), a autora Mara Altman conta suas aventuras para conseguir chegar ao orgasmo. Está fazendo tanto sucesso que vai virar até um programa do canal HBO americano. O Brasil tem dois novos nas prateleiras: “Orgasmos. Como Chegar Lá” (editora BestSeller), da sexóloga americana Jenny Hare, e “O Guia do Bom Orgasmo” (editora Marco Zero), de Kate Taylor.
A escritora Juliana Dacoregio, 29 anos, de Criciúma (SC), não acha que o prazer feminino deva ser ignorado, mas considera um exagero a glorificação atual do orgasmo. Prefere, em vez disso, investir na autoestima e no amor próprio. “É difícil uma mulher admitir que não tem orgasmo sempre, porque todos bombardeiam que ela tem que ter um a cada transa”, afirma. Atualmente solteira, a moça afirma nunca ter fingido o clímax. “Seria uma sacanagem comigo mesma.” Os especialistas dizem que grande parte da frustração feminina, que acha que não está tendo o prazer “adequado”, vem da visão idealizada do orgasmo. “Uma moça que fez cursos comigo teve e não reconheceu, porque não correspondia ao que ela havia lido numa revista”, diz a personal sex trainner Fátima Mourah. A massoterapeuta Alda Vasconcelos, 24 anos, faz coro contra a “orgasmocracia” . Casada há seis anos, faz sexo três vezes por semana e estava satisfeita, mas procurou cursos de pole dance e strip-tease para incrementar a relação e quebrar a rotina. “Você às vezes tem uma noite maravilhosa, mas não tem orgasmo. Para mim não faz falta, principalmente quando você tem um parceiro bom de cama”, diz a massoterapeuta, que costuma chegar ao ápice uma vez por semana.
A dona de casa M.C., 46 anos, casada há 26 e mãe de três filhos, tem um retrospecto bem diferente. Ela nunca chegou ao orgasmo com o marido. Insatisfeita no início do casamento, recebeu dicas de uma colega de trabalho e aprendeu a se masturbar. Mas fingia sentir prazer com o parceiro para agradá-lo. “Nem sabia que mulher também tinha isso”, afirma. Ao procurar um psicólogo há três anos, ela passou a se impor mais, não aceitando ter relação sem vontade, por exemplo, e falando sobre o assunto, mas o orgasmo a dois ainda não veio. Ela nunca teve relações com outro homem, mas sonha com a possibilidade de conquistar independência financeira e poder se divorciar. Para a dona de casa, as manchetes sobre orgasmo nas revistas só contribuem para deixá-la mais triste e ainda servem de argumento para homens como seu marido. “Ele me mostra e diz que é normal eu não ter orgasmo. Mas eu não quero mais ficar dentro dessa estatística.”
 
“Orgasmo não faz falta quando seu parceiro é bom de cama e a noite é
maravilhosa”
Alda Vasconcelos, 24 anos
Na contramão das expectativas de M.C. e de sua busca legítima por prazer, cada vez mais mulheres impõem a si mesmas uma pressão tamanha por desempenho que chegam a apelar até para intervenções cirúrgicas sem eficácia comprovada, como injeções de colágeno no suposto ponto G. O procedimento é semelhante à colocação de botox e visa ampliar a área para deixá-la mais fácil de identificar. Outro recurso são as cirurgias íntimas para modificar o tamanho dos lábios ou estreitar o canal vaginal, procedimento delicado e que, malfeito, pode afetar a rede de nervos da região.
Nos consultórios, os psicólogos e ginecologistas tentam consertar essas e outras ideias equivocadas, como a de que a falta de orgasmo é uma doença. Apenas 13% dos casos de dificuldade em se atingir o clímax estão relacionados a causas orgânicas, como uma disfunção hormonal. A cineasta americana Liz Canner denunciou em seu documentário “A Indústria do Orgasmo”, lançado no ano passado, que classificar as insatisfações femininas como doença não passa de interesse da indústria farmacêutica. “O problema do orgasmo não é uma disfunção, isso decorre na grande maioria das vezes de condições socioculturais, como stress por sobrecarga de trabalho.” A documentarista afirma também que, se por um lado a sociedade está obcecada em falar sobre o clímax feminino, por outro se recusa a ensinar o básico sobre educação sexual.
Para o psicólogo especializado em relacionamento amoroso Thiago de Almeida, o orgasmo só vem com a prática. “É uma equação de tentativa e erro”, diz. Ele ensina as mulheres a descobrir sozinhas suas zonas erógenas, para depois mostrar para os parceiros como gostam de ser tocadas. É o que explica a psicóloga chilena Tatiana Presse, considerada uma “sexpert”. “Chegar lá é como ir para a academia para ficar em forma. É preciso investir tempo e esforço. No começo, pode parecer meio mecânico, mas depois fica natural e se torna essencial”, afirma. Mas cabe à mulher, e somente a ela, decidir se vale a pena.
 
Fonte: Revista ISTOÉ.
 
 
 
 
 
 

 

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