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Pesquisa em Saúde

Pesquisa em Saúde

 


 

23/09/2011

Onde nascem os remédios de ponta

A presença de importantes universidades e hospitais atrai as indústrias farmacêuticas para a região de Boston, nos Estados Unidos. E é lá que estão surgindo os mais modernos medicamentos da história da medicina.

CÉREBROS
No Broad Institute, cientistas de Harvard e do MIT trabalham juntos nas pesquisas

 

A cidade americana de Boston tem papel inconteste na história mundial. De lá partiu o movimento de independência dos Estados Unidos, em 1773, iniciado com a Festa do Chá – movimento contra as altas taxações impostas pela Inglaterra, da qual os EUA eram colônia. Dois séculos mais tarde, entre 1989 e 1991, nos laboratórios do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), também localizado no município, foi criada a rede mundial de computadores. Símbolo de mudança, a cidade prepara-se agora para tornar-se referência em outra área: ser uma espécie de berço dos medicamentos de ponta, o lugar mais importante do mundo no que se refere à criação de remédios inovadores. Um passeio pela cidade e municípios vizinhos – como Cambridge, Quincy, Framingham ou Waltham – explica o porquê. A região é repleta de prédios ocupados por cientistas das principais empresas do ramo; Pfizer, Sanofi-Aventis e Novartis são apenas algumas.

Um exemplo recente de um produto gerado no polo é o telaprevir. A droga é indicada para pacientes com hepatite C crônica. Atualmente, as medicações existentes – pegainterferon alfa e ribavarina – não são eficientes para metade dos pacientes. Com o telaprevir, a taxa de sucesso do tratamento subiu para 79%. Outro medicamento que promete marcar a história da medicina, e também vem dos laboratórios da região, é a vacina contra a dengue. Uma das fórmulas candidatas, atualmente em teste em humanos, foi criada na Sanofi Pasteur de Cambridge, braço da multinacional Sanofi-Aventis.

A razão de as gigantes do mercado farmacêutico terem tido tanto interesse nessa área do Estado de Massachusetts está justamente em uma de suas características mais antigas: a grande concentração de mentes geniais. Basta dizer que, além do MIT, ali estão Harvard, primeira universidade americana, fundada em 1636, a Universidade de Tufts e a Universidade de Boston. Calcula-se que, em Boston e Cambridge, a cada quatro moradores, um seja estudante. “Ao ir para a região, a indústria tem acesso imediato aos talentos desenvolvidos nas universidades, além de mão de obra técnica especializada”, disse à ISTOÉ o brasileiro Fábio Thiers, diretor de estudos clínicos do programa de pesquisa do MIT com o Bureau Nacional de Pesquisa Econômica americano (NBER, em inglês). “Boston reúne os elementos necessários para ser um conglomerado na área farmacêutica e de biotecnologia”, falou à ISTOÉ Kenneth Kaitin, diretor do Centro para o Estudo do Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade de Tufts.

Somam-se às cabeças pensantes vultosas quantias oferecidas para o desenvolvimento de trabalhos científicos nas instituições da região. Só por parte do Instituto Nacional de Saúde americano (NIH, em inglês) são mais de US$ 2,5 bilhões por ano, distribuídos entre as universidades e cinco importantes hospitais. “Nosso Estado é o que recebe o maior valor per capita de investimentos do NIH para a pesquisa”, disse à ISTOÉ Angus McQuicken, porta-voz do Massachusetts Life Sciences Center, órgão criado em 2008 para incentivar a evolução científica no Estado. Além da verba federal, o governo estadual criou em 2008 um fundo para investir, num período de dez anos, um montante de US$ 1 bilhão.

Quem controla a saída de recursos é o Massachusetts Life Sciences Center. Os objetivos são ousados. Com a verba, pretende-se não apenas dar incentivos fiscais para as empresas fixarem-se na região como ajudar a construir parcerias entre indústrias e universidades e bancar parte dos investimentos necessários para fazer chegar ao mercado o que é criado em laboratório. Essa é uma das etapas mais caras de desenvolvimento de medicamentos, uma vez que inclui os estudos clínicos (calcula-se que eles representem quase um quinto do valor total da pesquisa).

Entre as empresas farmacêuticas, espera-se que o modelo de Boston dê uma resposta a um dos principais problemas enfrentados pelo setor: os altos custos para criar novos fármacos. Dados do Centro para o Estudo do Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade de Tufts indicam que, em média, gasta-se US$ 1,3 bilhão para gerar uma nova droga. De cada dez remédios, apenas três conseguem cobrir esses custos. Isso tem acendido o sinal vermelho para a área de pesquisas farmacêuticas. Quando os estudos são feitos no modelo de parceria, porém, os gastos podem ser reduzidos a um terço.

 

FONTE: Rachel Costa, enviada especial a Massachusetts (EUA), Revista Isto é, 17/09/11.

 

 

 


31/05/2011

 

 

Teste de sangue vai prever quantos anos restam a uma pessoa

 

 

 

Exame criado por empresa espanhola relaciona comprimento de parte dos cromossomos com o envelhecimento do corpo

 

Longevidade: o exame de sangue irá medir o tamanho dos telômeros do cromossomo do paciente. Quanto maior a estrutura, mais anos de vida a pessoa terá (Brand X Pictures/Thinkstock). 

Um novo exame de sangue criado pela empresa espanhola Life Length promete calcular quantos anos de vida uma pessoa tem pela frente. Pelo tamanho de uma parte do cromossomo, chamada de telômero, o teste, que deve custar mais de 1.000 reais, indica o ritmo do envelhecimento. Quanto maior o tamanho dessa estrutura, mais anos de vida a pessoa tem pela frente.


Enquete: Você faria um exame para saber quanto tempo vai viver?


Os telômeros são as “tampas” das extremidades do cromossomo, uma forma de proteção similar à presente nas pontas de um cadarço de tênis. Sempre que um cromossomo é replicado para a divisão celular, os telômeros encurtam. Esse encurtamento tem sido visto por diversos cientistas como um marcador biológico do envelhecimento, o relógio que marca a duração da vida de uma pessoa e  sua condição de saúde.


O teste comercial criado pela Life Length, que deve entrar no mercado europeu até o fim deste ano, irá medir o comprimento do telômero de cada paciente. Assim, pelo tamanho da estrutura, os cientistas poderão fazer uma análise da longevidade e da qualidade da saúde do paciente. Se a estrutura for pequena, será sinal de que o estilo de vida ou algum problema de saúde pode estar tirando anos de vida daquela pessoa.

A lógica do teste se baseia em pesquisas anteriores, algumas conduzidas pelos próprios cientistas que criaram o exame, que já haviam apontado que indivíduos mais saudáveis apresentam telômeros mais compridos. Já alguns problemas de saúde, como stress, doenças cardiovasculares, obesidade e Alzheimer, estão diretamente relacionados com a presença de telômeros menores.

“Saber se nossos telômeros estão um em comprimento normal ou não para determinada idade cronológica poderá indicar nosso estado de saúde e nossa “idade” fisiológica antes mesmo de algumas doenças aparecerem”, disse Maria A. Blasco, coordenadora do Grupo de Telômeros e Telomerase do Centro Nacional de Pesquisa sobre Câncer da Espanha e co-fundadora da Life Lenght, em entrevista à revista especializada Scientific American.
 
Fonte: Revista Veja, 22/05/11.

 

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