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30/05/2011
Padres, orgias e baladas
Livro escandaliza ao expor a rotina de sacerdotes que frequentam festas e saunas, engravidam mulheres e patrocinam abortos
ESCÂNDALO
De camisa e colarinho, o padre atende ao pedido de seu amante,
que queria vê-lo a caráter (acima). Eles relaxam depois do sexo (abaixo)
De noite, orgias, festas e bebedeiras. De dia, missa, confessionário e oração. De noite, jeans, pele bronzeada à mostra e gel no cabelo. De dia, batina, estola e ascetismo. É assim a rotina de um sem-número de padres católicos que vivem uma vida dupla nas grandes capitais do mundo, Roma inclusive. Pelo menos é isso que garante, com vídeos, fotos e descrições dolorosamente ricas, um dossiê em forma de livro e site lançado em abril, na Europa. Batizado de “Sex and the Vatican”, uma alusão ao seriado “Sex and the City” – que conta as aventuras sexuais de quatro mulheres em Nova York –, a obra detalha orgias entre sacerdotes gays e seus amantes e conta histórias de religiosos que engravidam mulheres, compram, com dinheiro da Igreja, o silêncio das mães e, em alguns casos, até bancam seus abortos. Já em sua segunda edição na Itália e na França, “Sex and the Vatican – Viaggio Segreto Nel Regno Dei Casti” (Ed. Piemme) (“Sexo e o Vaticano – uma viagem secreta no reino dos castos”, sem tradução no Brasil) está em via de ser publicado em inglês enquanto versões em espanhol e português são negociadas. “Não faço campanha contra a Igreja”, justifica Carmelo Abbate, jornalista e autor da obra. “Ela é que se complica quando se recusa a admitir que coisas comso essas acontecem dentro da instituição”, explica.
Abatte resolveu escrever o livro depois do sucesso de uma matéria que publicou em julho de 2010 na revista “Panorama”, a semanal de maior prestígio da Itália. Nela, o foco eram os padres homossexuais. Detalhes inéditos dessa apuração abrem o primeiro capítulo do livro (leia trechos nos destaques). Mas o grosso da obra mergulha em um submundo que revela desvios do sacerdócio bem mais chocantes do que a homossexualidade. Na Índia, por exemplo, o autor descobriu o caso de um padre que estuprava, sistematicamente, as freiras de sua missão. Muitas ficaram grávidas, algumas abortaram por pressão do religioso e da missão e outras morreram durante processos toscos para interromper a gravidez. As missionárias que reclamavam eram transferidas para obras em outros países. Histórias semelhantes foram ouvidas pelo jornalista nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Irlanda.
“O fenômeno é mundial e inclui o Brasil”, garante ele, que ainda não descobriu nenhum caso com provas irrefutáveis no País.
Esse tipo de comportamento é tão comum que existem associações para dar auxílio às amantes e aos filhos de padres em diversos países. Abbate, por exemplo, arrolou nove delas em seu livro. Uma é a Bethany, coordenada pelo ex-padre irlandês Pat Buckley. A instituição, sediada em Dublin, dá assistência a pelo menos 120 mulheres que são não só amantes de sacerdotes como também mães de seus filhos. Há casos de mulheres com mais de dez crianças, muitas criadas com ajuda financeira dada secretamente pelas paróquias dos padres pais. Nos atendimentos a essas pessoas, Buckley descobriu que houve até uma excursão coordenada por padres com o objetivo de levar suas amantes grávidas até Londres para que elas fizessem abortos, proibidos na Irlanda. “São muitos casos como esses, mas, como tudo acontece escondido, é difícil quantificar”, admite. “A Igreja se dispõe a aceitar muita coisa se houver chances de o assunto não virar escândalo”, diz o jornalista.
O caso das orgias gays em Roma, porém, é forte candidato a se tornar um escândalo incendiário. Primeiro, porque foi filmado e as imagens são fortes e reveladoras. Segundo, porque os mesmos padres flagrados em festas bebendo e mantendo relações sexuais com outros homens dizem ter rezado missas em lugares como a Basílica de São Pedro, no Vaticano, e encontrado pessoalmente o papa Bento XVI. Terceiro, porque a população tende a ser menos tolerante com padres homossexuais do que com heterossexuais – o pecado, no caso dos gays, seria duplo. “Ninguém imagina um padre em uma boate gay ”, diz a psicóloga Maria Luiza Macedo de Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana (Sbrash). “Lugar de sacerdote é na igreja e o contraste entre o que é pregado e o que é feito é que choca.” Se depender do Vaticano, porém, o caso, deve passar despercebido. Questionado sobre o lançamento do livro, o órgão se limitou a dizer, por meio de porta-voz, que “não pode reagir a todos os livros que falam mal da instituição”. No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) disse que “não tinha conhecimento do livro e por isso não poderia comentar os temas citados”.
Fonte: João Loes, 28/05/11 Revista Isto é.
02/04/11
COMO PEDIR UMA PIZZA EM 2015
* Telefonista: Pizza Hot, boa noite!
* Cliente: Boa noite! Quero encomendar pizzas...
* Telefonista: Pode me dar o seu NIDN?
* Cliente: Sim, o meu número de identificação nacional é 6102-1993-8456-54632107.
* Telefonista: Obrigada, Sr.Lacerda. Seu endereço é Avenida Paes de Barros, 1988 ap. 5 B, e o número de seu telefone é 5494-2366, certo? O telefone do seu escritório da Lincoln Seguros é o 5745-2302 e o seu celular é 9266-2566.
* Cliente: Como você conseguiu essas informações todas?
* Telefonista: Nós estamos ligados em rede ao Grande Sistema Central.
* Cliente: Ah, sim, é verdade! Eu queria encomendar duas pizzas, uma de quatro queijos e outra de calabresa...
* Telefonista: Talvez não seja uma boa idéia...
* Cliente: O quê?
* Telefonista: Consta na sua ficha médica que o Senhor sofre de hipertensão e tem a taxa de colesterol muito alta. Além disso, o seu seguro de vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a sua saúde.
* Cliente: É você tem razão! O que você sugere?
* Telefonista: Por que o Senhor não experimenta a nossa pizza Superlight, com tofu e rabanetes? O Senhor vai adorar!
* Cliente: Como é que você sabe que vou adorar?
* Telefonista: O Senhor consultou o site 'Recettes Gourmandes au Soja' da Biblioteca Municipal,dia 15 de janeiro, às 4h27minh, onde permaneceu conectado à rede durante 39 minutos.
Daí a minha sugestão...
* Cliente: OK está bem! Mande-me duas pizzas tamanho família!
* Telefonista: É a escolha certa para o Senhor, sua esposa e seus 4 filhos, pode ter certeza.
* Cliente: Quanto é?
* Telefonista: São R$ 79,99.
* Cliente: Você quer o número do meu cartão de crédito?
* Telefonista: Lamento, mas o Senhor vai ter que pagar em dinheiro. O limite do seu
cartão de crédito já foi ultrapassado.
* Cliente: Tudo bem, eu posso ir ao Multibanco sacar dinheiro antes que chegue a pizza.
* Telefonista: Duvido que consiga! O Senhor está com o saldo negativo
no banco.
* Cliente: Mas o que é isso ?!!!! Mande-me as pizzas que eu arranjo o dinheiro. Quando é que entregam?
* Telefonista: Estamos um pouco atrasados, serão entregues em 45 minutos. Se o Senhor estiver com muita pressa pode vir buscá-las, se bem que transportar duas pizzas na moto não é aconselhável, além de ser perigoso...
* Cliente: Mas que história é essa, quem foi que disse que eu vou de moto?
* Telefonista: Peço desculpas, mas reparei aqui que o Sr. não pagou as últimas prestações
do carro e ele foi penhorado. Mas a sua moto está paga, e então pensei que fosse utilizá-la...
* Cliente: @#%/§@&?#>§/%#!!!!!!!!!!!!!
* Telefonista: Gostaria de pedir ao Senhor para não me insultar... Não se esqueça de que o Senhor já foi condenado em julho de 2006 por desacato em público a um Agente Regional. O senhor não é mais réu primário ...
* Cliente: (Silêncio)
* Telefonista: Mais alguma coisa?
* Cliente: Não, é só isso... Não, espere... Não se esqueça dos 2 litros de Coca-Cola que constam na promoção.
* Telefonista: Senhor, o regulamento da nossa promoção, conforme citado no artigo 3095423/12, nos proíbe de vender bebidas com açúcar a pessoas diabéticas...
* Cliente: Aaaaaaaahhhhhhhh!!!!!!!!!!!
Vou me atirar pela janela!!!!!
* Telefonista: Grande coisa! Aqui diz que o senhor mora num apartamento térreo !
(Luiz Fernando Veríssimo).
02/04/11
Cobaias com Ph.D.
As histórias dos cientistas que usam os próprios corpos para experiências de todo tipo.
Fred Leal
CIBORGUE
O inglês Kevin Warwick segura um dos chips que implantou em si mesmo
Alguns superpoderes provavelmente ficarão para sempre reservados às histórias em quadrinhos. Outros, como a possibilidade de enxergar sem utilizar a visão, já estão mais próximos da realidade do que podemos imaginar. Professor de cibernética da Universidade de Reading, o inglês Kevin Warwick é um dos pioneiros no uso de implantes eletrônicos. Suas pesquisas oferecem resultados impressionantes: em uma delas, o uso de sensores ultrassônicos na ponta dos dedos permite que o sujeito da experiência seja capaz de “sentir” a distância dos objetos – como em um sonar. Suas cobaias foram seus próprios alunos, partes intrínsecas da experiência em diversos sentidos. Os jovens cientistas não teriam motivos para duvidar do professor, afinal, Warwick é um dos pioneiros em auto-experimentação cibernética. Uma de suas mais conhecidas experiências, realizada em 2002, envolveu o implante de 100 eletrodos, conectados ao seu sistema nervoso e ligados a um computador. “Precisamos lembrar que o cérebro funciona através de sinais eletroquímicos. Temos nos concentrado na parte química para a medicina, mas, no futuro, os aspectos elétricos do cérebro serão usados em diversos tipos de tratamento”, afirmou o pesquisador à ISTOÉ
LOUCURA
Em “O Médico e o Monstro” (1941), Spencer Tracy vive o estereótipo
Com a ferramenta instalada, Warwick foi capaz de controlar uma mão robótica que nem sequer precisava estar ligada ao seu corpo. “Ela era conectada à rede junto com meu sistema nervoso; então a mão poderia estar até mesmo em outro continente”, afirma. As possibilidades são infinitas: cirurgias remotas, novas habilidades em pacientes com deficiência e até o tratamento de doenças neurodegenerativas, como as de Alzheimer e e Parkinson.
OBSESSÃO
Em “A Mosca” (1986), Jeff Goldblum transforma ciência em terror
No entanto, o uso do próprio corpo como plataforma para experiências científicas suscita questões éticas que vão além dos dilemas mais tradicionais. A decisão de enfrentar os riscos do desconhecido prova a confiança do cientista em sua teoria ou reflete o desespero por reconhecimento a qualquer preço? Segundo Warwick, “a autoexperimentação é, sem dúvida, sobre acreditar em si mesmo”. E explica: “Como um autoexperimentador, você tem a consciência de que o mundinho da ciência é supercrítico quanto ao seu trabalho, há muito ciúme por parte dos outros cientistas. Por isso é muito mais difícil.”
NOBEL
Barry Marshall ganhou o prêmio depois de servir de cobaia em sua busca pela cura da gastrite
Historicamente, o processo nem sempre foi assim e algumas das maiores descobertas da medicina contaram com importantes contribuições de gente disposta a pagar o preço da exploração científica na própria pele. A febre amarela, por exemplo, só pôde ser combatida depois que quatro médicos do Exército americano deram continuidade à pesquisa de Stubbins Ffirth (leia quadro abaixo). Liderada por Walter Reed, a equipe americana foi a Cuba na tentativa de provar que a transmissão da doença ocorria por meio da picada de mosquitos. Conseguiu, mas um de seus médicos, Jesse Lazear, pagou o preço da experiência com a própria vida. O cientista australiano Barry Marshall também precisou apelar a medidas drásticas para ter sua pesquisa reconhecida. Defendendo que a gastrite e a úlcera não eram provocadas por estresse, mas sim por uma bactéria comum (H. pylori), Marshall decidiu beber um copo cheio da solução bacteriológica, desenvolvendo em poucos dias um severo caso de colite. Sua pesquisa foi finalmente aceita e o cientista acabou premiado com o Nobel de Medicina em 2005. “Eu achava a resposta às minhas apresentações muito ilógicas e bastante irritantes. Um dia, após apresentar meus resultados mostrando a cura da gastrite com Bismuto, o patologista-sênior do hospital afirmou que as mudanças pareciam muito sutis. Na verdade, elas eram bastante dramáticas: era a primeira vez que alguém no mundo conseguia curar a gastrite”, diz Marshall. “Preciso obter aprovação de um comitê de ética para todas as minhas pesquisas”, explica Warwick. “E acho isso apropriado. O maior problema é quando o politicamente correto se coloca à frente dos valores éticos e científicos, e o comitê não compreende um assunto por pressão política. Claro que conclusões puramente políticas são completamente sem sentido no meio científico e, por isso, apesar de soarem bem para o mundo lá fora, nenhum cientista realmente dá ouvidos a essas coisas”, afirma o britânico. E é essa combinação de coragem, autoconfiança e um pouco de desprezo por limites que leva pesquisadores a deixar de lado a própria integridade física e reputação na busca por respostas.
Fonte: Revista Isto é, 26/03/11.